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AMOR IPSE INTELLECTUS

Amar é fugir à individuação.

Paixão

Paixão
Jurei ser teu, amanhecendo no fundo lago rodeado pelo castanho dos teus olhos.
Paixão, vendi-te a alma, uma vez de joelhos para sempre escravo servente, frágil andorinha consumida corroída pelo sal salgado do Mar Morto, e pelo Sol que Ícaro matou.
Preciso só mais de um chuto. Só mais uma dose. Ó ironia divina que nos dás um vício de masturbar defronte do espelho.
Sem ganhar nada, onde tudo se perde, a espiral é medonha e um homem aniquila-se em espiral no abismo.
Só mais uma dose.
Não há dealer a não ser a força pulsante que brota dos colhões até às têmporas, é o batimento cardíaco pulsar da vida cósmica.
O indíviduo pouco mais é que um sorriso de escárnio no meio do Caos e da Forma, e do Imensurável inominável. Sabemos ser algo para sabermos no fim que somos algo pouco mais que nada.
Arfa-me ao ouvido, respira para perto nas minhas narinas e cesso qualquer razão, exclamo o fim de meu corpo e de mim, na união suada e ritmada de dois corpos que mais não querem que deixar de serem unos mergulhando no caudal da dissolução corroídos por baixo pelo sal das lágrimas, por cima pelo Sol que cega, ilumina e derrete as asas de qualquer sonho.
Puta.Puta que te pariu. Como te amo. Como me controlas. Como me submeto em grilhões de veludo, em sonhos do porvir, em promessas de amor feliz, só mais um chuto.
E faremos birras e amor depois, e lirismos trágicos onde fingiremos profundidades e mensagens indirectas em títulos de janelas do messenger, ou despedaçando telemóveis contra a parede, em assomos de fúrias que nos arrependeremos quando velhos formos...e tanta vida pela frente e tanto amor por vir, dá-me só mais um chuto por favor, só mais uma dose de amor, para eu não ter que fugir.
Pelo passar das nossas idades, o cinismo, o sal corrói, queimando-nos por baixo roendo as entranhas, e damos connosco tão sérios em coisas tão estranhas, levando já o peso da memória não feliz do passado.
Sal, Sol, Amor. O chicote faz-nos dançar ao som do Bolero que nos embala.
O amor é fodido, ou nós é que o fodemos?
JCNF

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