RSS FEED

AMOR IPSE INTELLECTUS

Amar é fugir à individuação.

MEC/AF; 14; pag. 138

"Em vez de nos virmos, vêm-nos lágrimas aos olhos"

Acredito por vezes ser um excelente actor, incapaz de viver 100% na honestidade (e digo eu que sou um homem de espinha), não posso expor a minha carne, os musculos, as artérias, é da natureza humana ver um peito aberto, um coração ali, a bombar em toda a força e, ir lá com as mãos e mexer, não posso expor-me assim.
Por isso finjo, a respiração que inspiras, os braços que te envolvem, os dedos que te tocam na pele, as mãos que te percorrem, o nariz que te enala, adoro tocar-te na face, tenhas a face que tiveres. Por isso fica, ficam pedaços de tudo que é teu, a minha pele continua a ser pele, porosa, absorve-te e espalha-te, tenhas ou não veneno (as minhas veias irrigam melhor com veneno).
Apercebo-me que sou um péssimo actor, que vivo tudo, que senti cada toque, cada expiração e inspiração do teu peito, que te respirei, que te quis conter em mim, que me quis semear no teu peito, que cresceste no meu, uma forma de nada, pois não tive nada, tão cheia. A ressaca fisica do toque, a mais dolorosa das faltas, o toque, tenho tudo concentrado na ponta dos meus dedos, na palma das mãos, nos lábios, tudo o resto do meu corpo é público, estes são o palco, tu, és só gestos na minha cabeça, não há voz, há a maneira como fazes as coisas, até como fazes soar as palavras, és um mundo de pequenos pormenores em cada poro da minha pele e, como tu sabes, a pele também respira...
O amor é fodido, por isso vem e, cala a minha boca com a tua.
Nuno

0 comentários:

Return top